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Dylvan Castro de Araújo (TELSIRIO ALENCAR/PAUTA JUDICIAL)
DIREITO E JUSTIÇA NA ENCRUZILHADA Direito e Justiça na Encruzilhada Autor: DYLVAN CASTRO DE ARAÚJO, Mestre em Direito e Consultor Jurídico abordará aqui nesse espaço vários temas que serão debatidos através de seus artigos, claro, recheados de Direito e Justiça na Encruzilhada de cada palavra.

Direita e Esquerda: um contraponto crítico

Foto: BRASIL PARALELODireita e Esquerda: um contraponto crítico sobre liberdade, responsabilidade e o papel do Estado

Direita e Esquerda: um contraponto crítico sobre liberdade, responsabilidade e o papel do Estado

Por Dylvan Castro

A política contemporânea é muitas vezes reduzida a um ringue ideológico em que direita e esquerda se atacam mais por rótulos do que por substância. Esse reducionismo empobrece o debate, porque ignora que ambas carregam princípios que, historicamente, surgiram como respostas a problemas concretos. Contudo, ao se traçar um contraponto, é possível perceber que a direita, em sua essência filosófica e não em seus caricatos extremismos, sustenta valores que merecem ser preservados e revisitados, especialmente em tempos de volatilidade social.

A esquerda, tradicionalmente, pauta-se na busca pela igualdade material, pela intervenção estatal mais intensa e pela ideia de que o coletivo deve corrigir os desequilíbrios estruturais. A direita, por outro lado, parte do pressuposto de que a liberdade individual e a responsabilidade pessoal são motores fundamentais para a prosperidade, e que a função do Estado deve ser limitada, garantindo segurança, justiça e condições mínimas para que cada um possa florescer por mérito próprio.

Essa distinção não é apenas teórica. A ênfase da direita na livre iniciativa e na propriedade privada não se resume a proteger privilégios: trata-se de reconhecer que a autonomia sobre o próprio trabalho e sobre os frutos dele é a base para a dignidade humana. É na esfera privada que se constroem a inovação, a produtividade e a independência econômica, fatores que, paradoxalmente, fortalecem o próprio tecido social. Ao reduzir o peso do Estado, a direita argumenta que se reduz também o risco de uma burocracia ineficiente e corrupta, que, em nome da igualdade, pode acabar nivelando por baixo e sufocando o espírito empreendedor.

Outro pilar relevante é o conservadorismo moral e cultural, que, longe de ser sinônimo de imobilismo, busca preservar valores que atravessaram gerações e sustentaram comunidades: família, religião, respeito à lei e à tradição. A crítica da direita à “engenharia social” da esquerda não é mero saudosismo, mas a convicção de que mudanças abruptas e impostas de cima para baixo, sem lastro na cultura e na história, tendem a gerar rupturas sociais e instabilidade moral.

É claro que esses princípios não tornam a direita infalível, nenhuma corrente política está imune ao erro, à hipocrisia ou à distorção de seus próprios fundamentos. Mas num mundo onde o imediatismo e a intervenção estatal excessiva ganham força, lembrar que o indivíduo é agente de seu destino, que a liberdade precisa vir acompanhada de responsabilidade e que a tradição pode ser um alicerce e não um obstáculo, é reafirmar uma visão que aposta na maturidade moral das pessoas e na força da sociedade civil sobre a tutela permanente do Estado.

A questão central não deveria ser encarada como uma adesão cega a um “lado” da arena política, mas como um exercício intelectual de compreender quais princípios sustentam uma sociedade livre, próspera e coesa. 

No dilema histórico entre a busca por uma igualdade absoluta, muitas vezes artificial, imposta e dependente de um Estado onipresente, e a defesa da liberdade acompanhada de responsabilidade, os fundamentos da direita se revelam como um contrapeso indispensável. 

Ao valorizar a autonomia individual, a primazia da iniciativa privada e a força das instituições sociais enraizadas, a direita oferece não apenas um freio às tentações utópicas que nivelam por baixo, mas também um antídoto contra a infantilização cidadã que resulta da dependência crônica do Estado. Afinal, quando o indivíduo é diluído na massa e eximido de responder por suas próprias escolhas, o preço pago é a perda de sua soberania moral e de sua capacidade de construir o próprio destino. 

Preservar um espaço onde o mérito, o esforço e a virtude pessoal possam florescer é, portanto, não apenas uma questão econômica, mas uma exigência ética: é a defesa do ser humano enquanto protagonista da própria história, e não como mero beneficiário passivo de um projeto político que o reduz a número, estatística ou engrenagem de um sistema centralizado.

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Encerrada em 31/05/2020 11:41

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