Há certo tempo atrás, após um momento de crise, éramos sempre tomados pela esperança de que “dias melhores estavam por vir”.
Hoje, a angústia momentânea dá lugar a incerteza, a descrença ou até ao vazio.
Talvez fôssemos mais felizes (ou mais alienados) quando acreditávamos que o Brasil era o “País do Futuro”.
Quem roubou nossa coragem?
Quem roubou nossa esperança?
Na briga entre a esquerda e a direita, eu me sinto meio órfão. Talvez por isso olhe com certo pesar para quem ainda acredita na figura do “Salvador da Pátria”, na vinda do nosso “Redentor”.
Entenda: o melhor do Brasil ainda é o brasileiro. A tristeza agora talvez resida em saber que o pior também. Isso mesmo: o problema sou eu, vc, seu vizinho, todos nós e essa nossa paixão por soluções simplistas para problemas seculares.
Precisamos de uma ruptura. Precisamos recuperar nossa capacidade de acreditar, só acho que o caminho para isso passa bem longe de reviver os velhos fantasmas de botina do passado.
Precisamos sim de um novo pacto social. E isso só será possível se o Jair (o porteiro, não o Bolsonaro) e o Luiz Inácio (morador do 602, e não o Lula da Silva) aprenderem a conversar, a debater política sem parecer que um está ofendendo a honra da mãe do outro.
A crise não é mais política. A crise é de diálogo, de comunicação. A velocidade dos nossos dedos nos teclados parece crescer de forma inversamente proporcional à nossa capacidade de ter empatia pelo outro.
Você está insatisfeito? Eu também estou! Você está com raiva? Eu também! Você quer um país melhor para criar seus filhos? Só penso nisso! Você teme pelo futuro? Acredite, eu também estou morrendo de medo!
Tá vendo: já achamos varias coisas em comum!
E aí, vamos conversar?
Autor: Thyago Batista, brasileiro, advogado e cansado da cultura do ódio.
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