Despedida de Haroldo no TJPI tem discurso feito por Sebastião na posse

Pronunciamento do juiz Sebastião Ribeiro Martins, Presidente da AMAPI, na posse do Des. Haroldo Oliveira Rehem no Tribunal de Justiça do Piauí, no dia 26 de maio de 2006.

Foto: TELSIRIO ALENCAR/PAUTA JUDICIAL

Desembargador Sebastião Martins e Haroldo Rehem

Vários discursos foram proferidos nesta manhã no plenário do Tribunal de Justiça do Piauí, durante a despedida do desembargador Haroldo Rehem, que se aposentou do cargo no TJ/PI.

Entre as falas, a que chamou mais a atenção foi a do desembargador Sebastião Ribeiro Martins, que fez uma espécie de replay ao repetir o discurso feito há 19 anos, na ocasião da chegada de Rehem ao tribunal, na condição de desembargador.

Na época, o desembargador Sebastião era juiz da 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública e presidente da Associação dos Magistrados e Magistrados Assistentes do Piauí (AMAPI).

Foto: TELSIRIO ALENCAR/PAUTA JUDICIAL

Desembargador Haroldo Rehem

Senhor         Des.   Presidente   do       Tribunal        de Justiça! Colegas juízes, Promotores e Advogados! Senhoras e Senhores aqui presentes,

É admirável o caminho dos homens; há os que se deixam levar pelas seduções do século, de uma vida de consumo, profana e materialista, e não deixam marcas de sua passagem pelo mundo; são simples hóspedes da terra e chegam melancolicamente ao termo de seus dias sem bagagem, sem amor e sem conteúdo. São aqueles que não se edificaram solidamente.

E há os eleitos, aqueles que brilham, como HAROLDO OLIVEIRA REHEM, que procurou sua própria densidade física e espiritual e encontrou, confiante, a senda luminosa da alegria, da emoção, da amizade, do otimismo e da auto-realização.

Comemoramos hoje, nesta noite, um destino que se completa, uma missão cumprida, e uma sina triunfal de uma carreira profissional sonhada e idealizada pelo inesquecível

 Desembargador VICENTE RIBEIRO GONÇALVES, que também foi Presidente deste Tribunal.

E Haroldo Oliveira Rehem nunca negou esse fato; ao contrário, sempre exaltou a figura extraordinária do sogro desembargador, além do apoio incondicional da sogra MARIA DULCE, a quem ele considera uma verdadeira mãe, e de sua mulher ANA MARIA, companheira exemplar, e dos filhos PETRO, ANA ALICE e ANA DULCE, motivos de tanta paixão e carinho dos pais.

Vossa Excelência, Desembargador HAROLDO, chega ao Tribunal pela porta larga da antiguidade, mas possui também o mesmo mérito e o mesmo brilho que os demais membros desta Corte. Na verdade, a antiguidade é um critério objetivo de acesso e promoção, cuja vaga, paradoxalmente, somente pode ser preenchida por aqueles magistrados que alcançam o topo da carreira.

HAROLDO REHEM é um juiz do seu tempo. Moderno, ágil e preparado. Adepto da informática e das novas tecnologias no Poder Judiciário. É honesto e transparente. Sua toga não tem máculas; ele a vestiu, desde o princípio, com coragem e altivez, trazendo consigo, ainda, um pouco da marca do policial federal desconfiado e precavido.  Seu talento é  marcado por decisões firmes e seguras, em linguagem técnica e objetiva.

Tem um temperamento inquieto, tenso e franco, fato que, muitas vezes, pode revelar uma pessoa um pouco superficial e vaidosa, sobretudo porque é extrovertido, elegante no vestir e incisivo no modo de falar; mas quem o conhece de perto sabe que HAROLDO OLIVEIRA REHEM oculta uma alma boa e límpida; é um amigo leal e sincero, um verdadeiro irmão, como ele costuma dizer, fraterno, caloroso, emotivo e muito solidário.

O juiz moderno e extrovertido, por fugir ao padrão circunspecto e reservado do cargo, é visto muitas vezes como o individuo que não reprime e nem retém seus impulsos, sentimentos e idéias; age e reage com franqueza, de imediato, não finge e não tem duplicidade.

O cargo, porém, temperou suavemente o seu modo de ser, o que foi muito difícil para um homem absolutamente franco, como é HAROLDO REHEM, de estilo direto e desassombrado, tendo que conciliar o seu estilo natural com o modelo psicológico de um magistrado reservado e cuidadoso. Ele, contudo, sem perder a necessária austeridade do

 cargo, não abre mão do que é, descontraído, bem humorado, esportivo e de uma intensa vida social.

Este auditório lotado de pessoas demonstra o grande círculo de amizades do novo desembargador.

Infelizmente, Des. HAROLDO REHEM, não se encontram conosco, nesta noite grandiosa, duas pessoas marcantes de sua vida, que também se sentem felizes e orgulhosas: aquele vulto fraterno e amigo de seu pai PETROLINO PEREIRA REHEM, com quem você pouco pôde conviver, e aquela figura admirável que foi o Des. VICENTE RIBEIRO GONÇALVES, seu sogro e seu segundo pai, este que tanto lhe incentivou a seguir a carreira de juiz.

Eles podem ver, claramente, que a sua formação moral e intelectual, a sua história, a sua carreira, é hoje vivida e exaltada nesta solenidade.

Quem se concentrar, agora, fechando os olhos lentamente, poderá percebê-los aqui, neste auditório, nos observando, calmos e serenos, cercados por um halo maravilhoso de júbilo e de paz, olhando para você, HAROLDO, fazendo rolar lágrimas, que são pérolas de amor, felizes e exulantes com a sua vitória, que traduz também o

 mesmo sentimento dos seus amigos e parentes aqui presentes, para parabenizá-lo e abraçá-lo com muito carinho.

Mas não vamos chorar! Vamos apenas agradecer! A noite é de festa e de alegria. Parabéns, Des. HAROLDO REHEM!

Que a permanência de Vossa Excelência neste Tribunal, com fé em Deus, seja longa, profícua e muito feliz!