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Jurista "abre as asas sobre nós" num encanto de artigo sobre carnaval

Um dos mais preparados juristas do Piauí, George Magno, filho do berço da intelectualidade de Piripiri-PI, nos encanta cada vez mais com magia do seu canto e saber.

Descendo o Morro

Com mil diabos o carnaval é festa profana, na qual os escravos têm dias de reis e se misturam com os seus senhores. Era assim na Mesopotâmia, embora a Igreja tenha instituído a Quaresma logo após a festa pagã possibilitando aos profanos (pecadores) de arrependerem-se de seus atos. Então tudo certo: sagrado, profano: tudo em seu tempo! 

Foto: Pauta Judicial/Telsirio AlencarAdvogado George Magno
Advogado George Magno

No Brasil  colonial, as moças brancas ficavam à janela jogando os confetes naquela algazarra geral promovida pelos escravos, os quais, seguindo a tradição mesopotâmica tinham, naquele período, o direito a cantar suas origens. 


E o verbo se fez carne! Melhor seria retirar a carne (carnis levale) alcunha chancelada pela Igreja visando controlar aquela festa pagã! Porém os profanos/bicheiros. (Oh, Céus) tocaram seus dedos de Midas e se apropriaram da comemoração dos negrões! E o que era antes festa popular passou a estabelecer regras e virou competição (branco x negro, rico x pobre, home x mulher).


Mas eis que o Cristo Redentor, localizado na entrada da comunidade Morro do Tuiuti, autoriza a mãe Oxum e Pai Ogum, por meio das tradições carnavalescas, as quais cresceram à míngua do poder aristocrático/imperial,  possam ecoar o grito sufocado pela exclusão social/racial e todas as suas consequências A favela desce o morro e introduz no palco  da Casa de Engenho o retrato da escravidão. 


E, aqui, perdoem-me meus irmãos negrões! Evidenciar o racismo  camuflado no Brasil, além de todas as formas de exploração ocorridas na espiral histórica talvez fora a maior glória da Paraíso do Tuiuti, embora conquistas recentes tais como o reconhecimento das comunidades quilombolas em alguns estados do país não possam, também, passar despercebido nesse processo de correção histórica (fato este não cantado em lugar nenhum).


Todavia, o país enfrenta uma profunda crise em que direitos sociais são arrancados dos mais pobres e da classe média, embora esta última insista em alavancar o discurso opressor da Casa Grande ou de líderes messiânicos aproveitadores da desesperança destes. 


Temos que considerar o alcance das várias facetas de escravidão ocorridas contra os negros evidenciadas no desfile da escola do Morro do Tuiuti para combater todas as formas de exploração. Aqui um adendo ao desfile do Salgueiro, que foi além e nos chamou a uma importante reflexão sobre o papel da mulher negra no processo histórico.


 Importante salientar, por conseguinte, as menções honrosas aos desfiles da Mangueira, a qual criticou a situação atual vivida no Rio de Janeiro e Beija-Flor que enfatiza com veemência a violência ocorrida em nosso País usando como artifício, propositalmente, não carnavalizar o tema.


Ressalte-se à classe média, aos seguidores de “mito” e adjacências que dão guarida ao discurso de quem oprime que não virá dos prédios do Leblon e de Copacabana, já que os ofícios lá são outros, nem da República de Curitiba a vitória na disputa que até então estamos perdendo por W.O, haja vista nosso não comparecimento nesta luta desigual.

 Não podemos contar com apoio da grande mídia, uma vez que a galera do Morro zombara deles ao vivo e em muitas cores, escancarando a sua escravidão em não poder se manifestar durante todo o período em que a escola de Samba amiga dos pretos passeava apoteoticamente em nossos inconscientes!
Nessa situação de eminente saída do estado de anestesia social peguemos o embalo da efervescência cultural latente das favelas e descer o morro sob o canto de Dudu Nobre: “Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós”!

Fonte: Por George Magno

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Encerrada em 31/05/2020 11:41

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